Budapeste de novo!

Depois de um longo e tenebroso inverno a primavera voltou em Maio… e nós também! Como nossa viagem de 2020 foi adiada por conta da pandemia, voltamos esse ano para uma das cidades mais legais da Europa: Budapeste!

A Chegada

Já escolados, fizemos câmbio no aeroporto mesmo e saímos decididos a não perder tempo e pegar o ônibus especial para o centro. Quando vimos que custava 21 euros para os dois (115 pilas!) pegamos um ônibus de linha mesmo, o Liszt Férenc Airport 2, o número 100E, até a parada Astória, a estação de metrô mais próxima e a apenas uma do nosso hotel. Os bilhetes custaram 1800 florins, mais ou menos 8 reais por pessoa. Eles são comprados em máquinas em frente às estações e embora os menus sejam em húngaro, há tradução para o inglês.

O metrô de Budapeste foi inaugurado 1896 e é o segundo mais antigo da Europa (depois do metrô de Londres). A UNESCO até incluiu a Linha M1 do metrô na lista de patrimônios mundiais. Como o subsolo da cidade é recortado por lençóis freáticos, as linhas são bem profundas e as escadas rolantes altíssimas! O Ede, que tem medo de altura, não achava muito legal não!

Erzsébetváros (o nosso bairro)

Ficando em Peste, na margem esquerda do Danúbio, a gente fica bem localizado pra fazer quase tudo a pé. Como já tínhamos visto na primeira visita, o centro turístico não é tão grande e os distritos mais legais são o V (Belváros e Lipótváros), o VI (Terézváros) e o VII (Erzsébetváros).

Como da outra vez, queríamos ficar em Peste, mais especificamente perto das ruas Rákóczi e Dohány, em Erzsébetváros, o antigo bairro judeu da cidade. Ele é o mais vibrante – cheio de bares, restaurantes, livrarias e cinemas, como o Puskin Moze, além de muita arte de rua.

Um dos murais mais coloridos é uma homenagem a José Ángel López Jorrín, embaixador espanhol que forneceu centenas de passaportes falsos a judeus durante a Segunda Guerra para que pudessem escapar dos nazistas. Antes do Holocausto, Erzsébetváros era onde a grande maioria dos judeus da cidade viviam e é lá que ainda fica a maior sinagoga do país, a Dohány, na rua Kazinczy. (Falamos sobre ela em nosso primeiro post)

Escolhemos o Ibis Budapest City, na Akácfa utca, 1-3 (pagamos com pontos da Accor.) Bem pertinho da estação Blaha Lujza tér, pegávamos o metrô e duas estações depois já estávamos às margens do Danúbio. O hotel é padrão e oferece um café da manhã que vale a pena (como nossa hospedagem saiu na faixa… aproveitamos). Em Budapeste o pessoal não tem muito o hábito de tomar café da manhã na rua, portanto logo cedinho não tem muita coisa aberta.

Como chegamos já um pouco tarde (saindo de Madri ao meio-dia e chegando em Budapest às 15:00), fizemos o check-in, descansamos, demos uma volta pelo bairro e fomos procurar comida! Estávamos sonhando com o goulash do Gettó Gulyás, que foi onde jantamos a primeira vez. E não deu outra! Caminhamos um pouquinho até a Wesselényi útca 18 e lá fomos nós nos debruçar sobre os generosos e deliciosos pratos!

Deveriam inventar salgadinhos sabor goulash para dias de nostalgia. E ainda poderiam vir com figurinhas de Budapeste pra colecionar! Enfim, matamos as saudades do paprikás csirke (frango cremoso ao molho de páprica), do nokedli (o “gnocchi” húngaro) e do gombapaprikás (ensopado de cogumelos). Com vinho, suco de laranja, túrógombóc (bolinhos de queijo com iogurte e canela) para sobremesa, além de duas doses de licor para arrematar, gastamos 10.610 florins, sem um pingo de remorso!

Belváros e Lipótváros

Dia seguinte rumamos cedo para Buda, para ir ao Bastião dos Pescadores (Szentháromság tér) e passear pelos arredores. Pegamos o metrô, descemos na Deák Ferenc tér para dar uma volta pelo distrito V.

A região da Férenciek tér é bem gostosa para andar a pé e tem ruas muito bonitas como a Károlyi útca. São vários hotéis antigos e luxuosos e cafés famosos. Arquitetura fantástica, para passar horas admirando e fotografando os lindos edifícios, como o Brudern-ház, também chamado “Casa Parisi”, o Hotel Matyas, com seu estilo art nouveau, o Centrál Kávéház és Étterem, de 1887, além da linda Biblioteca da Universidade de Budapeste (se tiver tempo, vale a pena entrar para conferir!).

Seguindo pela Rákóczi útca e chegando perto do rio a gente entra em Bélvaros, que é a região de compras da cidade. Lá fica a Passagem Piarista Koz que vai dar na rua mais turística, a Váci, com 15 quadras e muitas casas de souvenirs.

Lá também encontramos o famoso Budha Bar, que estávamos ansiosos para conhecer em nossa primeira viagem, e é logo depois dele que a Váci fica bem mais chic, com várias lojas de marca.

Újbuda

Cruzamos a Szabadság híd (a Ponte da Liberdade) e chegamos em Újbuda (Nova Buda), no distrito XI. Lá fica o Géllert, um complexo de piscinas e banhos construído em 1912. Ele foi destruído durante a 2ª Guerra e reconstruído no mesmo local. Na verdade, desde o século XII já há registros de banhos instalados ali, pois considerava-se que as águas termais de Géllert eram milagrosas e até mesmo um hospital funcionou lá durante a idade média.

Budapeste é a cidade mais rica em águas medicinais do mundo. Chega a produzir 70 milhões de litros de água termal por dia devido às reservas subterrâneas. São dezenas de piscinas em 5 spas. Os romanos foram os primeiros a descobrir suas propriedades há mais de 2.000 anos e até hoje ir aos banhos é um programa tanto para os locais quanto para os turistas. O Gellért é um dos mais famosos e fomos lá só pra ver como era.

O lugar é enorme. Vale entrar no hall (é gratuito) para tirar fotos. O acesso às piscinas é obviamente restrito aos pagantes. Não tínhamos a intenção de tomar banho, mas se você curte e tem tempo, é uma atração diferente. Nos jardins em frente ao Géllert fica a estátua de Tamás Cseh, um importante cantor e compositor húngaro.

Ao lado começa a subida para Hegyvidék no distrito XII (os morros de Buda). Fomos somente até o primeiro mirante para curtir a vista lá de cima.

Saímos do Géllert e fomos apreciando a paisagem até o Várket Bazár. O lugar é lindo e os jardins são gratuitos para se passear. Hoje um local para eventos culturais e exposições de arte, é também muito popular para casamentos e sessões de fotos. A arquitetura é em estilo otomano, com detalhes greco-romanos.

Budavári Palota

Do Várket Bazár resolvemos subir até o Budavári Palota (o Castelo de Buda), que já fica no distrito I. Achamos que não era assim tão longe… Realmente, longe não é, mas é uma grande subida! O legal é que a gente entrou pelos jardins, onde não passeamos da primeira vez que visitamos.

Passamos rapidamente pelo Castelo, que já tínhamos conhecido bem, e fomos para o Szentháromság tér (o Bastião dos Pescadores).

Construído no século XIX para servir de Torre de Vigia, o Bastião dos Pescadores foi um dos lugares que mais gostamos em nossa primeira viagem.

A poucos passos dali fica a linda Mátyás-Templom Torony (Igreja de São Matias). Também demos uma passadinha para matar as saudades antes de começar nossa descida de Buda

Óbuda-Aquincum

Óbuda (Velha Buda) fica no distrito III, na parte norte da cidade, é o mais antigo e segundo mais populoso de Budapeste. Os romanos fundaram uma colônia ali no ano 100 d.C. e a chamaram Aquincum, por conta de suas fontes de água. Na época, ela era a fronteira mais ao norte do império.

Passeamos um pouco pelas redondezas, e depois começamos a descida de Buda em busca de comida. Achamos um lugarzinho bem pequeno e aconchegante, o Toldi, na rua Batthyány, 14. Comemos o frango recheado com queijo camembert e uma crépe de nutella para sobremesa. Com um ice tea e uma taça de vinho, saiu 6.170 florins.

Em tempo: o húngaro é uma das línguas mais difíceis de aprender do mundo. Mesmo depois de duas visitas aprendemos somente que “útca” é rua, “tér” é praça e “híd” é ponte, além de dizer oi e tchau “szia⁠”, por favor “kérem” e obrigado “köszönöm⁠”. Mas é bem tranquilo se comunicar porque todos entendem pelo menos um pouquinho de inglês, mesmo nos lugares menos frequentados por turistas.

Descendo um pouco mais até a estação Batthyány tér pegamos o metrô, atravessamos o rio (sim, a estação passa por baixo do Danúbio!) e chegamos em Peste novamente, no distrito V, na altura do Országház (o Parlamento Húngaro).

Demos uma passeadinha por ali e fomos caminhando pela Id. Antall Jozsef rakpart, na margem direita do rio, em direção aos Sapatos do Danúbio para rever o monumento e prestar nossa homenagem. Em 1944 mais de 400 mil judeus húngaros foram transportados em 147 trens pelas forças nazistas, a maioria para Auschwitz, onde cerca de 80% foram mortos logo na chegada. Os 60 sapatos de bronze são um tributo às vítimas, em especial aos que sequer foram transportados e morreram fuzilados coletivamente às margens do rio.

Dali resolvemos atravessar a praça Kossúth Lajos, em frente ao Országház, e iniciar nosso caminho de volta ao miolo de Lipótváros. Em nossa primeira viagem a Budapeste a gente andou bastante com o ônibus hop on and off. Dessa vez, já mais experientes, conseguimos fazer muita coisa a pé mesmo. Compramos um delicioso Kürtőskalács e saimos comendo nosso pão doce pelo caminho.

A volta foi cansativa, mas tivemos algumas surpresas agradáveis. Já começava a entardecer quando encontramos uma figura curiosa em Lipótváros, no distrito V. Ao passar na Zrínyi utca, esquina com a Október 6, demos de cara o Rendőr (o Policial Barrigudo), uma figura bem simpática e divertida.

A Zrínyi utca é a rua que desemboca na Basílica de Santo Estêvão, na Szent Istvan tér 1, que já tínhamos visitado da outra vez (o que não nos impediu de tirar mais algumas fotos!)

Chegamos em Erzsébetváros já à noite. No dia seguinte tínhamos que ir cedo para a estação Batthyány tér, em Buda, e pegar o trem para passar o dia em Szentendre (uma cidadezinha ao norte de Budapeste). Assim, resolvemos tomar apenas um café nas redondezas e comer uma “rozky” (biscoito recheado com doce de sementes de papoula que já tínhamos provado em Bratislava). Acabado o dia, fomos descansar… já pensando em quando voltaremos!

Confira aqui o post que fizemos sobre o bate-volta na linda Szentendre!

Falha nossa!

Como nem tudo são flores e viagem sem perrengue não é viagem, tivemos uma última aventura antes de deixar Budapeste. Pra não ter que gastar 100 reais de táxi, resolvemos pegar o mesmo ônibus da linha aeroporto que pegamos na chegada – o 100E, que custa só 900 floris por pessoa (12 reais). Saímos do hotel, pegamos o metrô até a estação Astoria e estávamos crentes de que o ônibus passava ali (onde descemos). Realmente vimos o 100E passar por ali… e ir embora! Vendo que a parada não era lá, resolvemos andar até a próxima e esperar. Vários ônibus azuis iam e vinham e quando um deles parou, o motorista ficou me olhando. Olhei pro senhorzinho e perguntei “Does this bus go to the airport?” ao que ele fez que não com a cabeça e começou a apontar para frente e fazer sinal para que a gente subisse. Entendemos que o ponto não era ali e que ele nos deixaria lá. E nos deixou mesmo! Graças aos céus, porque o ponto era mais de um quilômetro pra frente! Bendito motorista! Enfim no ponto certo, na Praça Károly, pegamos o ônibus, que levou cerca de 30 min. até o aeroporto. Ainda bem que saímos com tempo!

Veja também

Szentendre

Tour por Budapeste

Budapeste no Cinema

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Boyana & Rila

Publicado por Adelijasluk

Adeli é formada em Letras e pós graduada em Recursos Humanos, fala quatro línguas e adora conhecer outras culturas. Curiosa e teimosa, nas horas vagas planeja itinerários próprios para as viagens anuais com o marido. Edevaldo é funcionário público e cursou geografia e informática. Paciente, nas horas vagas estuda maneiras sensatas de viabilizar os itinerários da esposa. Viajam por conta própria e juntos já conheceram 208 cidades em 33 países.

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