Sófia, Bulgária

A Bulgária entrou em nossos planos de viagem pelo Leste Europeu em 2019 e estávamos muito ansiosos por conhecê-la. Sófia foi nossa primeira parada, logo após Portugal. Fomos para lá de Lisboa com a Wizz Air no voo W6 4374 que saía as 16:55 e chegava as 22:55.

Sabíamos que chegaríamos tarde e que o melhor seria trocar alguns euros e pegar um táxi do aeroporto ao hotel, mas qual não foi a nossa surpresa ao chegar e descobrir que todos – TODOS – os stands estavam fechados! Isso mesmo, o balcão dos táxis – fechado! A casa de câmbio – fechada! Balcão de informações – fechado. Em um aeroporto de uma capital! Nossa salvação foi um caixa automático 24 horas em que consegui sacar algum dinheiro para poder pagar o transporte.  Dica: chegue de dia!

A moeda é o Lev búlgaro (BGN) e a cotação quando fomos (fim de agosto) estava 01 lev = 2,35 reais. Em geral o país é barato. Come-se muito bem em um restaurante por cerca de 40 reais por pessoa. Lanches saem menos de 20 e um bilhete de metrô custa menos de 4 reais.

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Saindo do saguão, olhamos de um lado  para outro e só vimos táxis de aplicativos locais apanhando os passageiros que os haviam chamado. Desolados, nos aproximamos de uma moça que aparentemente estava na mesma situação. Anna era austríaca e começamos a conversar. Finalmente apareceu um táxi que parou ao nosso sinal, mas o motorista não entendia patavina de inglês e nós tampouco de búlgaro. Nossa sorte foi que a Anna falava um pouquinho de russo, pois havia estudado a língua na universidade e conseguiu convencer o motorista a nos levar para o centro. Ela estava indo para o apartamento da irmã que ficava a poucas quadras do Hotel Rila, onde passamos nossa primeira noite.

Sofia

Segurança 

A gente se surpreendeu com a segurança da cidade! Quando chegamos ao hotel dissemos à Anna que seguisse com o táxi por mais algumas quadras até o apartamento da irmã, que pagaríamos o restante da corrida para ela (afinal, sem ela estaríamos ainda no aeroporto pensando na morte da bezerra!). Mas ela disse que não havia problema, que iria a pé. Isso já era por volta de 1 hora da manhã! Ficamos preocupados e insistimos bastante. Ela pareceu não entender nosso medo. Por fim, saiu sozinha caminhando tranquilamente pela calçada… Depois descobrimos que Sófia (ao contrário do que muitos pensam) é mesmo muito segura e você pode andar calmamente pelo centro durante o dia ou mesmo à noite. Essa segurança ainda é um dos resquícios do regime comunista.

Hospedagem

A hospedagem foi um ponto um pouco complicado, mas dessa vez a culpa foi nossa. Fizemos a reserva, com mais de dois meses de antecedência, pelo Booking.com na casa Santa Sofia, para 4 noites (já prevendo que chegaríamos depois da meia noite, pagamos uma a mais). Entretanto, não prestamos atenção às regras que especificavam, expressamente, que o check-in era somente após as 14:00 e até as 22:00. Mancada mesmo! O recurso foi desembolsar mais uns lev e pernoitar no hotel Rila (bem próximo do hostel).

Hotel Rila

Grande e imponente por fora (com muitos quartos), o Rila é um hotel da época do comunismo e os quartos, embora reformados, ainda tem cara de anos 80. Fica na rua Kaloyan nº6, em pleno centro da cidade, super bem localizado. O quarto era grande e confortável, com um banheiro amplo e com vista para uma praça. Foi uma boa opção para o nosso “perrengue”.

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Santa Sofia Guest House

No dia seguinte, tendo uma manhã inteira antes de poder fazer check-in no Santa Sofia, resolvemos fazer o Free Walking Tour de Sofia e só depois trocar de hospedagem. Saímos então em busca do hostel e com a ajuda do Google Maps conseguimos encontrá-lo. Trata-se de um apartamento no segundo andar na rua Trapezitsa nº 4 – a poucos metros das escadarias da estação central do metrô. A entrada é bem escondidinha, em um edifício residencial antigo com pátio interno, quase como uma galeria. Por fora ele é praticamente “engolido” pelo comércio. Para ter certeza de que estávamos no lugar certo ligamos para nosso host, Julian, que estava nos esperando. O quarto era grande, mas bem simples – com uma grande cama redonda que parecia ter sido retirada de um motel. O banheiro era pequeno e não havia box, assim, quando tomávamos banho era uma molhadeira só. Mas estávamos literalmente no miolo do centro e pudemos conhecer Sófia a pé – sem gastar um tostão com transporte!

Free Walking Tour

O centro histórico de Sófia não é assim tão pequeno, mas pode ser conhecido em grande parte em um passeio de 2 horas. Fizemos o nosso com www.freesofiatour.com. O ponto de encontro é no Boulevard Vitosha, em frente ao Sudebna Palata, o Tribunal de Justiça (também conhecido como Palácio dos Leões), e começa às 10:00 da manhã. Nossa guia, Nora, falava um inglês bem razoável, mas andava muito rápido! Quase não a acompanhávamos. Entretanto, recomendamos o tour para poder ter uma ideia do quê fica onde e depois voltar e apreciar com calma.

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Seis mil anos de história

Sófia é uma das capitais mais antigas da Europa – tem 6000 mil anos (as pirâmides do Egito tem 4 mil!). Por isso a cidade tem 3 níveis de construção – as estruturas do império romano, do império otomano (turco) e as mais recentes – do regime comunista. Passear pelo centro de Sófia é transportar-se de uma época a outra andando poucos metros.

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Sveta Nedelya

A primeira parada logo após o Palácio dos Leões é a igreja ortodoxa de Sveta Nedelya (Santo Domingo). Ela é uma igreja medieval que já foi destruída e reconstruída várias vezes. A arquitetura é clássica das igrejas ortodoxas dos balcãs. Não se sabe ao certo a data de sua fundação, somente que foi no século X, embora os primeiros registros escritos de sua existência datem do século XIV quando o rei sérvio, Milutin, foi enterrado lá, em 1321. Outro episódio importante foi o ataque dos revolucionários comunistas ao rei Boris III, que acabou por matar 123 pessoas dentro da igreja. Boris havia se aliado aos nazistas durante a Segunda Guerra, mas dizem que recusou-se a deportar judeus búlgaros para os campos de concentração. Ele escapou ao atentado.

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Apesar das décadas de regime comunista, o povo búlgaro é muito religioso. Atualmente 85% da população é cristã ortodoxa e grande parte do restante são muçulmanos. Católicos são penas 1% da população.

Estátua de Sófia

A herança comunista é muito forte, pois o regime acabou somente nos anos 90, entretanto, onde antes havia uma de Lenin, hoje está a estátua de Sófia. Inaugurada no ano 2000, é um pouco controversa e os búlgaros não gostam muito dela, pois a acham “sensual” demais para retratar um santa. De qualquer maneira ela representa a divindade protetora da Bulgária e traz consigo símbolos de poder, fama e conhecimento: sobre a cabeça, a coroa, na mão direita uma grinalda de louros e sobre o ombro esquerdo, uma coruja. Ela fica em local muito movimentado e bem moderno, próximo à estação central do metrô, o que tira um pouco seu charme. Altos edifícios e grande luminosos de empresas atrapalham a atmosfera… e as fotos.

Igreja de São Petka

A pequena igreja de São Petka (Pedro) fica bem no miolo do centro de Sófia, em sua parte mais antiga. Hoje toda a área a sua volta é inclusive um sítio arqueológico. A igrejinha do século X parece estar enterrada, abaixo do nível da rua. E isso é de certa forma verdade, afinal como comentamos, a cidade tem 3 “camadas” de construções. Mas não é só por isso! Segundo a Nora, nossa guia, durante o império otomano havia até uma certa tolerância ao cristianismo, entretanto, nenhum templo católico poderia ser mais alto que um soldado otomano montado em seu cavalo!

Ruínas de Serdica

A próxima parada do Free Walking Tour foram as ruínas de Serdica, para onde fizemos questão de voltar depois e explorar tudinho, com tempo. (Afinal, a gente adora ruínas, pedras e restos!) Ali está a fundação do que foi a primeira cidade de Sófia. O sítio arqueológico foi descoberto entre 2010 e 2012, quando foram construir a linha de metrô no centro da cidade. A rota foi alterada para preservar as ruínas, é claro. Uma inscrição em grego em duas das pedras idênticas da murada ao norte e a oeste do complexo conta como a cidade foi fundada (entre 177 e 180 depois de Cristo).

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“Os grandes e divinos imperadores Césares Marcus Aurelius Atoninus Augustus, Germanicus, Sarmaticus, pai das terras ancestrais, grande pontífice, e Lucius Aurelius Commodus, Germanicus, Sarmaticus, pai das terras ancestrais e líder da juventude, doaram à cidade dos Sérdos as muralhas de uma fortaleza quando o regente da Trácia era Asellius Aemilianus, enviado do imperador, proprietário, nomeado governador de dita província.“

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A cidade romana consistia de 8 ruas, uma primeira basílica cristã, seis grandes edifícios e uma igreja medieval, posterior, localizada no subsolo. As estruturas datam de períodos diferentes, entre os séculos 1 a 6 depois de Cristo.

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O complexo inteiro tinha uma área total de 9 km2 e havia ainda um mercado com piso em mosaico, jardins internos, termas, hipocausto (sauna), banhos, banheiros públicos e um sistema de água e esgoto. Está tudo muito organizado e placas informativas em búlgaro e em inglês ajudam os visitantes a entender a grandiosidade e a importância daquilo tudo.

O mais bacana é que normalmente quando a gente visita sites arqueológicos (e já visitamos alguns) quase não se pode circular por eles. Mas Serdica é diferente! Pode-se entrar e perambular por várias das áreas das ruínas. A sensação é totalmente outra!

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Decumanus Maximus

Outra coisa genial (e inédita para nós) foi descer as escadarias do túnel para o metrô e dar de cara com uma estrada romana inteirinha! Eles a deixaram intacta e a gente passa por ela para ir de uma entrada a outra da estação central.

A Decumanus Maximus era uma das duas principais ruas de Serdica, com 60 metros de largura, e conectava os portões leste e oeste da cidade, no século 6. No piso foram usados muitos fragmentos de elementos arquitetônicos de edifícios de períodos anteriores (olhando com atenção a gente nota pedaços de colunas e placas irregulares). Inicialmente a Decumanus Maximus tinha quase o dobro de largura e nos lados norte e sul havia pórticos, apoiados sobre colunas. Parte dessas estruturas ainda estão preservadas. Além dela ainda foram escavadas as ruas Decumanus I e II, a rua Cardo Maximus com 70 metros de largura e a rua Cardo, com 50.

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Na Estação Central do Metrô há também vários comércios, lanchonetes e até uma pequena casa de câmbio. A One Minute foi a nossa salvação várias vezes! Bem no meio da estação, a lojinha de conveniência tinha de tudo um pouco e era lá que comprávamos nosso café da manhã, além de lanchinhos para levar na mochila. Os donos não falam nada de inglês, mas até entendem alguma coisa e o cardápio de lanches está todo em cirílico, mas a gente apontava e dava certo. Para perguntar os preços e para pagar era fácil, pois eles nos mostravam o valor no monitor do caixa em vez de falar os números e, voilà!

Mesquita de Banya Bashi

A mesquita de Banya Bashi fica no boulevard Maria Luísa quase “grudada” às ruínas de Serdica. Ela data de 974 no calendário muçulmano, o que corresponde 1566/1567 e seu minarete ainda é o original. Hoje em dia ela reúne cerca de 500 fieis para as orações, diariamente, sendo que nas sextas esse número chega a mil, pois é a única mesquita ainda em funcionamento em Sófia.

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Tsentralni Hali – Mercado Central

De frente para Mesquita de Banya Bashi (do outro lado do Boulevard Maria Luisa) fica o Tsentralni Hali, o Mercado Central de Sofia. Além de souvenirs há também queijos, iogurtes, comidas prontas, cafés, padarias e confeitarias – e essa foi a parte que mais gostamos, pois pudemos comer salgados folhados (como os bureks da Bósnia), além de rolinhos doces por um preço bem camarada! É um mercado muito antigo, mais frequentado por locais, mas foi reformado e está bem conservado. Recomendamos uma passada! Não deixem de provar o famoso iogurte búlgaro – o kiselo mylako.

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Curiosidade: O iogurte nasceu na Bulgária e pesquisas de longevidade indicam que os búlgaros vivem mais em função de seu consumo. Devido à alimentação das vacas da região o iogurte é mais saudável. Os “lactobichinhos“ do iogurte deles têm até um nome específico – lactobacillus bulgaricus. 

Banhos Turcos & Museu de Sófia

A parada seguinte do tour foi o edifício dos antigos Banhos de Sófia. A cidade foi erguida justamente em volta de fontes de águas minerais e termais e, entre 1553 e 1555, sob o domínio otomano (turco), os banhos foram construídos. O edifício funcionou como banho público até 1986, quando foi fechado devido à deterioração e perigo de colapsar. Reformado, é a sede do Museu de História Regional de Sófia desde 2015. Não entramos por falta de tempo, mas aproveitamos a fonte d’água fresca do lado de fora para beber, aplacar o calor e encher nossas garrafinhas!

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Ministérios

O Edifício do Conselho de Ministros fica no boulevard Kniaz Aleksandar Dondukov 1 e é um dos três que compõe o complexo do chamado “Largo”. De cara, já vemos uma arquitetura muito diferente da que vemos da parte mais antiga de Sófia. Trata-se do local onde os ministros se reúnem uma vez por semana e também onde despacha o Primeiro Ministro da Bulgária.20190823_144211

Antiga Sede do Partido Comunista

O monumental prédio foi construído em 1954 para substituir os edifícios bombardeados durante a Segunda Guerra e tornar-se a sede do Partido Comunista. Ele impressiona não somente pela linda e imponente arquitetura neoclássica, mas especialmente pela localização perfeita, na Praça da Independência, bem na bifurcação de duas grandes avenidas no centro da cidade. Símbolo de prestígio, costumava ter no alto uma monumental estrela vermelha, que diziam ser de rubi. Segundo nossa guia, isso era mentira, mas os líderes comunistas gostavam de fazer as pessoas acreditarem em seu poder, mesmo quando já demonstrava sinais de falência. Com a queda do Regime, em 1989, descobriram que a estrela não passava de plástico vermelho. Hoje paira lá em cima a bandeira búlgara e o edifício é a sede do Parlamento. Não tivemos oportunidade de entrar, mas soubemos que há visitas guiadas.

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Presidência da República

Ainda no chamado “Largo” (o correspondente à nossa Esplanada dos Ministérios), fica o edifício da Presidência da República da Bulgária. A grande atração é esperar para assistir uma das trocas da guarda, e foi o que fizemos. Os guardas ficam lá, imóveis, faça chuva ou faça sol – como os do palácio de Buckingham, na Inglaterra. O edifício é bem imponente e pode-se entrar por um dos pórticos que dá acesso ao pátio interno do complexo, onde fica um sítio arqueológico e a antiga Igreja de São Jorge.

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Curiosidade: A Bulgária é o único país do mundo em que um rei foi destronado (em 1946) e voltou ao poder como 1º Ministro (em 2001). Simeão II herdou o trono com apenas 6 anos de idade, após a morte de seu pai, mas foi exilado pelo Regime Comunista após um referendo que acabou com a monarquia no país.

Rotunda de São Jorge

A rotunda de São Jorge fica dentro do complexo de edifícios da Presidência da República e tem ruínas de edifícios públicos romanos do século 4. Ou seja, bem ali, onde hoje está a sede do governo federal da Bulgária, já era o centro cívico de Sófia desde tempos ancestrais e inclusive uma das sedes do governo do Imperador Constantino, o Grande.  No centro há uma igreja do século X. Ela acabou ficando lá, cercada pelos prédios e foi bastante preservada porque os comunistas não incentivavam a religião, mas reconheciam o seu valor histórico. A Sveti Georgi (Igreja de São Jorge) fica vários metros abaixo da rua atual e foi construída sobre uma das principais ruas da cidade romana. O complexo é a construção mais antiga de Serdica a ainda exercer sua função original.

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Curiosidade: Constantino nasceu na Sérvia e morreu na Grécia, mas durante seu governo o império romano compreendia toda a região dos balcãs, além de parte da Alemanha e da Inglaterra. Ele ficou conhecido por ser o primeiro imperador cristão e foi em seu governo que o domingo tornou-se um dia de descanso. Valeu Constantino!

Museu Arqueológico Nacional

Archeological MuseumSaindo da Rotunda, logo em frente à Presidência, entramos no Museu Arqueológico Nacional. Ele ocupa o edifício da mais antiga mesquita da cidade e foi construído em pedra em torno de 1474. O museu tem entrada paga (10 LEV) mas vale bastante a pena se você, como nós, é apaixonado por história! O museu conta com cinco salas de exposição: Central Hall, Pré-história, Idade Média, Tesouro, e uma exposição especial temporária. Há muitas peças greco-romanas como joias, estátuas e frisos dos antigos edifícios de Serdica e também de outras regiões da antiga Trácia (hoje Bulgária e Macedônia).  Fomos por nossa conta, pois o free tour não o inclui.

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Curiosidade: o famoso gladiador Spartacus nasceu na Bulgária em 111 a.C. às margens do rio Strum, na cidade de Sandanski

Teatro Nacional Ivan Vazov

O Teatro Nacional também fica no centro de Sófia, em um lindo edifício neoclássico de frente para o Jardim Municipal. Ele é o maior, mais importante e também mais antigo teatro da Bulgária – foi fundado em 1904 e costuma receber os melhores atores e diretores de teatro do país, além de produções internacionais. O nome é uma homenagem ao dramaturgo búlgaro Ivan Vazov. O prédio sofreu um incêndio em 1923 e também foi bombardeado na Segunda Guerra, por isso foi reconstruído e reformado algumas vezes. A fachada tem de 40m e 6 colunas de mármore e os frisos do frontispício retratam o Deus Apolo e as Musas. Lindo!

IMG_1722O Jardim Municipal é muito agradável, mas sentimos falta de bancos para sentar e descansar. Tem alguns, mas muito poucos e acreditem, no calor de agosto é tudo o que a gente quer! Entretanto, há várias estátuas bonitas, muitas flores e plantas ornamentais.

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Galeria Nacional

Outra das paradas do tour foi a Galeria Nacional de Arte que fica no prédio do antigo Palácio Real da monarquia búlgara, abolida em 1946. É o principal museu de arte do país e tem uma coleção de cerca de trinta mil obras. A Galeria fica na Praça Battenberg e tem jardins muito bonitos e bem cuidados. Como fomos no auge do verão, tivemos a chance de vê-los bem floridos. Agradecemos muito a Nora ter parado ali para podermos descansar um pouquinho à sombra, pois o lugar tem muitas árvores!

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Igreja Ortodoxa Russa

A Igreja Ortodoxa Russa de São Nicolau (também chamada de São Nicolau Milagreiro) fica na rua Tsar Osvoboditel e se destaca de longe, pois é simplesmente linda! Não é à toa que a chamam de igreja mais bonita de Sófia. Ela tem um grande domo dourado, rodeado por outros quatro menores e telhas verdes que a deixam com um ar de contos de fadas! Foi construída em 1914 onde ficava a Mesquita de Saray, pelo arquiteto russo e alguns dos seus ajudantes que trabalharam na Catedral de Alexander Nevsky. Os sinos foram doados à igreja pelo Tsar Russo Nikolay II. Ela é muito mais linda por fora que por dentro – o interior é bem mais simples que o de outras igrejas ortodoxas. Entretanto, é um ótimo lugar para entrar um pouquinho, descansar e distanciar-se de todo o movimento e do barulho da cidade.

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Diz a lenda que o arcebispo da igreja russa, Dom Seraphim (falecido em 1950), prometeu que quando morresse iria levar os pedidos dos fiéis a Deus para que pudessem ser atendidos. Há quem acredite nisso e os deixe junto ao túmulo do arcebispo, no terreno da igreja.

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Hagia Sofia

E chegamos à penúltima parada do free walking tour. Muita gente acha que a cidade de Sófia foi quem conferiu o nome à igreja, mas foi justamente o contrário! A Hagia Sofia, que em grego significa “Sagrada Sabedoria”, foi construída no século X e é irmã da Basílica de Santa Sofia de Constantinopla (hoje Istambul). Ela foi erguida sobre as ruínas da cidade romana de Serdica e durante o império otomano chegou a funcionar como mesquita. A partir de 1930 ela passou a ser novamente uma igreja cristã. Segundo a Nora, nossa guia, o sino pendurado numa árvore em frente à igreja é uma das “piadas” do lugar, pois ela nunca chegou a ganhar uma torre.

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Voltamos no dia seguinte, com tempo, para visitá-la por dentro e ver a cripta, onde estão as tumbas e ruínas da antiga Serdica. Vimos também ícones lindos retratando vários santos. Exemplos incríveis da arte sacra búlgara. Lá também está enterrado o famoso escritor e dramaturgo Ivan Vazov.

A poucos metros da Hagia Sofia fica o Monumento ao Soldado Desconhecido. Ele é uma homenagem aos caídos pela pátria na Primeira e Segunda Guerra Mundial. Foi inaugurado em 1981, comemorando 13 séculos do estado búlgaro. Logo em frente fica a estátua de bronze de um imponente leão. Apesar de a maior parte dos visitante tirarem fotos com o leão (inclusive nós), na verdade o monumento é o que tem a chama permanente no centro de duas coroas de louros.

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Sveta Alexander Nevsky

A última parada é a grande catedral de Alexander Nevsky, com seu domo dourado. Ela foi construída no começo do século XX em comemoração aos 200 mil soldados russos, ucranianos, bielorussos e búlgaros que morreram na Guerra contra a Turquia de 1877 a 1878. É uma das maiores catedrais ortodoxas do leste europeu e do mundo e tem 12 cúpulas – a maior delas pesa cerca de 12 toneladas! O domo revestido de ouro tem 45 metros de altura e com a torre do sino chega a mais de 50 metros.

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Não entramos porque já sabíamos de antemão que ela era mais imponente por fora que bonita por dentro. Preferimos templos pequenos e antigos. De qualquer forma, é um dos pontos mais conhecidos da cidade e foi lá, logo atrás dela, que encontramos a van que faria nosso tour até Rila no dia seguinte, assim passamos por ela algumas vezes.

Livrarias

Novas livrarias tem aparecido em cada esquina de Sófia nos últimos anos e as maiores tem seções de livros em línguas estrangeiras como inglês, russo e, em alguns casos, alemão e francês. São bons lugares para conseguir um mapa da cidade. Na vitrine, tudo em cirílico, é claro! Essa foi a primeira vez, em mais de 10 anos viajando, que nos sentimos analfabetos. E sabem de uma coisa? Foi muuuito legal!

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Você sabia que o cirílico nasceu na Bulgária?! Isso mesmo! Não foi na Rússia e nem na Ucrânia!

Krachme Sam Doydoh

Escondidinho e até sem placa, o pequenino Krachme Sam Doydoh (a tradução é algo como “Eu vim sozinho”) é um restaurante familiar, popular entre os locais. Ele fica na ulitsa Tsar Samuil nº 73,  ao lado de uma lanchonete turca. Nós o encontramos por indicação de outros turistas que haviam comido lá e adoraram. Estávamos andando pelo Boulevard Maria Luísa, entramos à direita no Happy Bar na rua Georgi Rakovski e à esquerda na terceira quadra. Por fora não é atrativo, mas por dentro é bem legal, rústico e tem mesas no pátio interno. Pedimos uma salada shopska, queijo, duas almôndegas de porco com batata frita e linguicinha, além de cerveja gelada. Surpreendentemente o menu tinha tradução para o inglês! Ótima pedida para fugir do circuito turístico e comer bem e barato.

Mehana Mamin Kolio

Ainda no centro de Sófia (ul. Pozitano, 40) descobrimos uma taberna muito tradicional e com uma comida deliciosa, a Mehana Mamin Kolio, e ela virou a nossa favorita! O ambiente é muito gostoso e como estava muito calor (fomos em pleno verão), as mesas no pátio interno eram uma ótima opção. As garçonetes era muito prestativas e o menu (graças aos céus) trazia os pratos em cirílico e também em inglês. A salada de pimentões vermelhos assados com queijo era simplesmente deliciosa e o Katino meze (uma caçarola com carne/linguiça/frango/cebola/pimentão/champignon), embora apareça como aperitivo no cardápio, é uma refeição completa – ainda mais se acompanhada pelo delicioso pão preto com gergelim, assado na hora! Experimentamos também o Kavarma (ensopado tradicional búlgaro) e adoramos.

Cerveja geladinha, atmosfera animada, gente se divertindo… e sobremesas deliciosas! Adoramos o lugar, tanto que terminamos nossa visita à Sófia lá.

Palavrinhas para ser um turista simpático

Para dizer bom dia, diga “dobro utro”, para dizer boa noite, “dobar vecher”. Obrigado é “blagodaria” e tchau é “dovijdane” (sendo que o “j” também tem som de “i”). Para dizer sim, diga “da” (como em russo) e para não, “ne”.

Importante: Sim é não. Isso mesmo! Balançar a cabeça de um lado para o outro quer dizer SIM. Já balançar a cabeça para cima e para baixo quer dizer NÃO.

No dia seguinte logo cedo fomos para Rila, visitar o mais famoso mosteiro da Bulgária e patrimônio mundial pela UNESCO. Contamos sobre esse passeio em nosso próximo post!

Veja em:

Boyana & Rila

Sófia no Cinema

Operação Sófia (2012) 

O ex-agente do FBI, Robert Diggs (Christian Slater) é recrutado pelo embaixador dos EUA na Bulgária (Donald Sutherland) para descobrir a identidade de um assassino que está matando os terroristas mais procurados pelos EUA e Europa. A ação está relacionada um programa secreto do governo que foi encerrado. Robert aceita o cargo para escapar da lembrança da morte da esposa e vai até Sofia. Mas encontrar esse implacável assassino não vai ser nada fácil e ao se envolver com a misteriosa Ursula ele começa a desvendar uma complexa trama. Logo no começo somos apresentados a vários pontos turísticos da cidade como a estátua de Sófia, a Igreja Ortodoxa Russa de São Nicolau, a Mesquita de Banya Bashi, a Hagia Sofia, a Sveta Nedelya, o boulevard Kniaz Aleksandar Dondukov, a Sveta Alexander Nevsky, o Teatro Nacional Ivan Vazov e o Boulevard Vitosha.

Veja também:

Sarajevo – a Jerusalém da Europa

Sarajevo e a Guerra Civil Iugoslava

Leste Europeu

Eslovênia

Ljubljana Stare Miasto

Zagreb

Gornji Grad – A alta Zagreb

Dubrovnik – Porto Real

Stari Grad Dubrovnik

O viajante volta já

Publicado por Adelijasluk

Adeli é formada em Letras e pós graduada em Recursos Humanos, fala quatro línguas e adora conhecer outras culturas. Curiosa e teimosa, nas horas vagas planeja itinerários próprios para as viagens anuais com o marido. Edevaldo é funcionário público e cursou geografia e informática. Paciente, nas horas vagas estuda maneiras sensatas de viabilizar os itinerários da esposa. Viajam por conta própria e juntos já conheceram 208 cidades em 33 países.

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