Aveiro – a Veneza portuguesa

Você sabe o que é uma ria? Nós também não sabíamos até conhecer Aveiro!

Uma ria é um vale fluvial no entorno da foz de um rio, e Aveiro é exatamente assim, cortada pelos vários canais do rio Vouga, o que lhe rendeu o apelido de “Veneza” de Portugal.

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E como em Veneza a cidade também tem suas gôndolas, os chamados ”Moliceiros” que deslizam sobre a água e deixam os canais muito coloridos. Aliás, colorida também é a arquitetura tradicional do quarteirão de pesca, conhecida como Arte Nova.

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O nome “moliceiro” se deve ao fato de que antigamente esses barquinhos eram usados para recolher o moliço – um tipo de alga utilizado como adubo nas plantações. Hoje dedicam-se a levar os animados turistas para cima e para baixo.

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Esse lindo edifício com a fachada de frente para a água (foto abaixo) é a Assembleia Municipal!

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A Praça Humberto Delgado (mais conhecida por Ponte Praça ou Pontes), no centro de Aveiro, à primeira vista não tem nada de especial… Aí você se pergunta: Então por que tanto turista? Na verdade, a praça é muito mais interessante pelo que fica embaixo dela, pois foi construída sobre o Canal Central da Ria. Além do rebuliço de gente que se aglomera ali para tirar fotos, ainda há uma rotunda com um tráfego intenso de veículos.

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Aveiro teve sua ascensão econômica baseada na produção de sal e do moliço e durante séculos foi o que sustentou a cidade. Por isso, em cada um dos quatro lados da praça fica a estátua de uma de suas figuras tradicionais: a Salineira, o Fogueteiro, a Parceira do Ramo e o Marnoto (marnoto é o nome que se dava ao homem que trabalhava na extração do sal).

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A chamada Arte Nova se desenvolveu em Portugal no começo do século XX, principalmente na arquitetura, que se destacava pela minuciosa decoração das fachadas dos edifícios. Portões, varandas e escadarias eram ornamentados por habilidosos artesãos com linhas curvas e naturalistas. Vimos alguns belos exemplos desse estilo na cidade, hoje patrimônio de Aveiro.

Saindo da beira rio e nos embrenhando mais a fundo no centro histórico passamos algumas horas apreciando o casario antigo com suas fachadas azulejadas da Rua das Salineiras e da Rua dos Marnotos. Vimos também a Igreja de Nossa Senhora da Apresentação, a matriz da paróquia de Vera-Cruz, que é do século XVII e está toda restaurada.

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Além de muito autêntica e gostosa de se explorar, a pequena Aveiro tem muitos lugares gostosos para comer, especialmente em frente ao Canal de São Roque. Almoçamos no Cantinho do Bacalhau, na Praça 14 de Julho. Estávamos já cansados e com fome e os restaurantes estava todos bastante cheios. Se puder, não se apresse! Explore melhor as várias opções do Canal ou os próximos ao Mercado do Peixe.

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Praça do Peixe (2)E por falar em peixe – Aveiro é simplesmente o lugar para quem gosta de frutos do mar. Essa tradição está estampada em forma de arte até nos muros da cidade!

Outra especialidade da cidade são os famosos “ovos moles”, um doce tradicionalíssimo cuja receita tem mais de 500 anos e é certificada com o selo de Indicação Geográfica Protegida da União Europeia. Os rebuçados de ovos moles surgiram no Mosteiro de Jesus, no século 16 (onde hoje fica o Museu de Aveiro). Como a maior parte dos doces conventuais, a receita só leva gemas, pois as freiras usavam as claras de ovos para engomar as roupas. Já o açúcar era dado aos conventos pela coroa portuguesa que o mandava trazer da Ilha da Madeira – uma vez que Portugal não produzia cana-de-açúcar.

Experimentamos essa delícia em uma banquinha junto à ria. Se você gosta de quindim vai gostar dos ovos moles! Nas barraquinhas também vendem-se as “tripas” (que apesar do nome pouco apetitoso são apenas a versão portuguesa da crepe francesa), além das “bolachas americanas” (os waffles) – ambos com várias opções de recheio/cobertura, como nutella, mel e inclusive, adivinhe! Ovos moles!

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IMG_E0476.JPGOutra gostosura que se pode provar em Aveiro são as maçãs caramelizadas da The Apple Factory.

A novidade aterrissou em Portugal há dois anos juntamente com a brasileira Denise Shibata, que já era fã do doce aqui e sentiu falta de suas maçãs quando mudou-se para o país. Além de lindas, são deliciosas e bem grandes! Vale a pena dar uma passadinha no Mercado Manuel Firmino para conferir essa gostosura!

E para terminar, se ainda tiver espaço, recomendamos um cafezinho caprichado e mais uns ovos moles na Pastelaria Tricana de Aveiro, que fica em um lindo edifício neoclássico de 1927, quase em frente à Estação de Comboios.

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Como chegar ?

Para ir a Aveiro pegamos o trem na Estação de São Bento até a de Campanha, no Porto – que é de onde saem os comboios. A viagem até essa pequena e charmosa cidade é curtinha – pouco mais de uma hora e custa 3,55 euros.

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Pensar Zeca Afonso (2)Chegando na nova Estação de Aveiro já nos deparamos com um painel em homenagem à Zeca Afonso, o compositor da música que virou hino da Revolução dos Cravos (movimento que acabou com a Ditadura no país em abril de 1974). Essa história é contada no filme Capitães de Abril (saiba mais aqui no Blog, no post Portugal no Cinema). Preste atenção quando passar por lá!

(A estação antiga, e uma das mais bonitas do país –  com a fachada decorada com azulejos – está em fase de restauro desde janeiro de 2019.)

Saindo da Estação fomos à pé em direção ao centro da cidade, seguindo a avenida Dr. Lourenço Peixinho e depois a rua Viana do Castelo. É bem tranquilo. Baixe o mapa oficial da cidade aqui e boa viagem!

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Depois de um dia delicioso, pegamos o trem de volta ao Porto no fim do dia, cansados, mas felizes por ter conhecido essa lindeza de cidadezinha.

Veja também:

O Porto

Vitória, Sé do Porto e Arredores

Cais da Ribeira e Vila Nova de Gaia

O viajante volta já

Portugal no Cinema

Publicado por Adelijasluk

Adeli é formada em Letras e pós graduada em Recursos Humanos, fala quatro línguas e adora conhecer outras culturas. Curiosa e teimosa, nas horas vagas planeja itinerários próprios para as viagens anuais com o marido. Edevaldo é funcionário público e cursou geografia e informática. Paciente, nas horas vagas estuda maneiras sensatas de viabilizar os itinerários da esposa. Viajam por conta própria e juntos já conheceram 208 cidades em 33 países.

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