Stari Grad Dubrovnik

Seguindo a Stradun (que já ganhou um post especial aqui no Blog) e ruas adjacentes encontramos vários outros monumentos e pontos turísticos na Stari Grad – são colunas, palácios, igrejas, fontes, escadarias… Uma lindeza!

Coluna de Orlando

No final da Stradun, na praça Luža, sob a Torre do Sino (White Bell Tower), está uma coluna de pedra esculpida no formato de um cavaleiro da antiguidade – A coluna de Orlando. No topo há uma pequena plataforma que servia de púlpito para as proclamações e anúncios oficiais da cidade e hasteamento da bandeira. De acordo com a lenda, Orlando e sua frota salvaram Dubrovnik de um cerco sarraceno que já durava 15 meses e para expressar sua gratidão os cidadãos ergueram a coluna em sua homenagem.

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Curiosidade: a altura da coluna foi utilizada como medida oficial da República de Ragusa – o cubit (51,2 cm). Até hoje a Coluna de Orlando é um dos orgulhos da cidade.

Palácio Sponza

No final da Stradun, já na praça Luža, de frente para a Coluna de Orlando, está o monumental palácio Sponza, em estilo gótico-renascentista. O edifício original do começo do séc. XVI é um dos poucos que preservou seu formato original desde sua construção (1516-1522), mesmo após o terremoto 1667. O nome deriva da palavra (Spongia), pois a primeira função do edifício era coletar água da chuva. Durante a República de Ragusa ele funcionou como aduana e posteriormente banco, tesouro nacional e até depósito de munição. Pertinho do Antigo Porto, sua função como aduana ainda mantém na parede uma inscrição em latim que diz:

“Nossos pesos e medidas não permitem enganar ou ser enganado. Quando eu peso as mercadorias o Senhor as pesa comigo”

Pequena Fonte de Onofrio

Também na praça Luža está a Pequena Fonte de Onófrio, construída entre 1440 e 1442, ela leva o nome de Onofrio de La Cava, o responsável pelo aqueduto da cidade. Durante esse período a água chegou ao Palácio do Reitor e à Ploče (praia), onde havia um Mercado para as caravanas turcas (o Tabor). Antes do aqueduto, a água vinha da chuva e era coletada em cisternas, mas era de má qualidade. Com o aqueduto a água passou a vir da fonte em Šumet (e vem de lá até hoje). Entretanto, diferentemente da Grande Fonte da Stradun, não recomendamos beber a água, pois a fonte não é fechada, portanto a água não permanece tão limpa.

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Igreja de São Brás

Reza a lenda e a lenda da reza

São Brás (também chamado Saint Blaise e Vlaho – em croata) é adorado em Dubrovnik há muito tempo. Diz a lenda que no ano de 971, na noite de 2 para 3 de fevereiro, navios venezianos ancoraram na cidade com o pretexto de abastecer-se de água e comida e depois seguir viagem. Um padre chamado Stojko foi até a igreja de São Estefano em Pustijerna (uma parte da cidade) aquela noite. Ele encontrou as portas da igreja abertas e, lá dentro, um velhinho e um batalhão de forças celestiais. Vlaho disse a Stojko que avisasse o conselho da cidade de que os venezianos planejavam um ataque e que ele os estava afastando com suas orações há vários dias. Quando Stojko perguntou a ele quem era, o velho disse que se chamava Vlaho (Blasius, ou Brás, em Português). Frustrados em seu plano, os venezianos encontraram as portas da cidade fechadas e as pontes levadiças içadas e acabaram indo embora. São Brás então passou a ser o patrono da cidade e sua igreja foi construída em 1368 (e novamente em 1715 após um terremoto). A entrada é gratuita e o interior barroco é muito bonito.

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Nos fins de semana, além da “turistarada”, é comum haver casamentos e, ali na Praça Luža, em frente à ela, sempre há comemorações cívicas. Quando fomos pegamos um pequeno festival estudantil de música, dança e poesia (em croata é claro! Ou seja, não entediámos os versos, mas todo mundo aplaudia – e nós também!).

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Palácio do Reitor

Entre a Prefeitura e a Igreja de São Brás de um lado, e a Catedral do outro, está o Palácio do Reitor, um lindo edifício gótico-barroco. Na época da República de Ragusa, a cidade era governada por um rector (ou rettore em italiano), daí o nome. A construção original, do século XIII era gótica e foi obra de Onófrio de La Cava, o mesmo responsável pelo aqueduto da cidade e pela grande fonte em frente ao Portão da Pila, que também leva seu nome. Depois do terremoto de 1667 o edifício foi renovado em estilo barroco e até hoje as colunas dos arcos clássicos são o grande atrativo. Logo em frente há um café com mesas na calçada, muito agradável. Paramos ali para tomar um capuccino e apreciar a linda arquitetura.

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A linda fachada do Palácio do Reitor aparece bastante no penúltimo episódio da 6ª temporada de Game of Thrones, pois é um dos refúgios da população de Porto Real quando fogem dos ataques de Daenerys Targaryen e seu dragão.

Catedral  Velika Gospa

Diz a lenda que o rei Ricardo Coração de Leão retornava das Cruzadas em 1192 quando seu navio naufragou em uma tempestade e foi parar na ilha de Lokrum, em frente à cidade. Em agradecimento a Deus por salvar sua vida, ele prometeu erguer uma grande igreja no local, mas os líderes municipais acabaram o convencendo a construí-la em Dubrovnik. A Catedral Velika Gospa foi construída entre os séculos XII e XIV em estilo romano, mas foi destruída no terremoto de 1667, sendo então reerguida em 1713 e modificada ao longo dos séculos. Em 1981, escavações descobriram as fundações de uma catedral ainda mais antiga, datada dos primórdios da cidade, no século VII. Consagrada à Anunciação de Santa Maria, ela é um dos monumentos mais lindos da cidade.

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A Velipa Gospa ainda conserva as marcas dos bombardeios à cidade durante a Guerra Civil Iugoslava. Dá para ver os tiros de morteiros incrustados na parede.

A Guerra durou de 1991 a 1995 quando a Croácia conquistou sua independência. Dubrovnik resistiu incrivelmente aos ataques sérvios em 1991, ao custo de muito sofrimento da população. A vitória e a liberação do sul da Croácia ocorreu só em 1992. Esse foi um dos conflitos mais sangrentos em solo europeu desde o final da Segunda Guerra. Estima-se que a guerra civil na antiga Iugoslávia tenha deixado um saldo de 200.000 mortos.

IMG_7546IMG_7545Vida Secreta das Palavras

A Guerra foi bastante explorada pelo cinema, mas a grande maioria das produções focou na Bósnia, que foi em dúvida o país mais atingido. Entretanto, um filme trata o tema de forma muito sutil e contundente.

A Vida Secreta das Palavras (2005) – A taciturna e reclusa imigrante croata Hanna (Sarah Polley) começa a trabalhar como enfermeira numa plataforma de petróleo inativa cuidando de Josef (Tim Robbins), vítima de queimaduras graves e temporariamente cego. Hanna, parcialmente surda, quase não fala, enquanto Josef tenta incansavelmente conversar com ela. Aos poucos eles criam laços e percebem que suas profundas dores e cicatrizes vão muito além das físicas e que ninguém será capaz de compreendê-los melhor do que um ao outro.

Balkon Palace & War Exihb

O Balkon Palace, assim como a Catedral de Dubrovnik, foi um dos edifícios atingidos por projéteis durante a Guerra. Na fachada preservada ainda se pode ver as marcas. Dentro, uma exposição mostra como foi o período do ataque sérvio à Dubrovnik, o sofrimento da população e a incrível resistência croata. Vale a pena conhecer esta história tão recente e tão trágica. Na manhã do 06 de dezembro de 1991 (dia de São Nicolau), às 07:00 horas o exército sérvio iniciou os bombardeios, destruindo a cruz no Monte Srd. As 7:10 um dos primeiros projéteis a atingir a cidade acerta em cheio o Balkon Palace e as 7:20 outra bomba incendiária ateia fogo ao edifício. Ao todo o prédio foi atingido por 7 morteiros. Os moradores tentaram salvar alguma coisa, mas só conseguiram sair com suas vidas e alguns documentos. Para proteger-se dos disparos eles usaram panelas como capacetes.

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Rua Siroka

Todas as ruas que cruzam a Stradun tem uma largura padrão, estritamente definidas desde a época da República de Dubrovnik. A única exceção é a Siroka (Siroka significa “larga”), que tem três vezes a largura de uma rua padrão. A razão é muito prática – no final da rua ficava o edifício em que se estocava grãos, portanto era necessário proporcionar acesso rápido à ele, tanto para carga, quando para descarga. O Rupe (o armazém de grãos) foi construído como um edifício de 3 andares e no térreo ficavam 15 poços secos que foram escavados em rocha pura. A capacidade dos poços era de aproximadamente 1500 toneladas de grãos – mantidos a uma temperatura constante de 17,5 graus, o ano todo. Atualmente o Rupe é um museu.

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No final da rua Siroka fica também a Igreja Domino – construída em 1452. Ela foi destruída no terremoto de 1667 e reconstruída em estilo barroco no mesmo século. Ela também costumava ser a sede da Grande Loja Maçônica de Dubrovnik e hoje costuma ter consertos musicais à noite.

Praça Gundulić 

A Praça Gundulić fica no final da Ulica od puča (Ulica = rua; puči = um tipo de poço). A praça foi criada em consequência do Grade Terremoto de 1667 uma vez que as casas do local foram reduzidas a escombros. Hoje a praça abriga a estátua em bronze do Poeta Ivan Gundulić, que nasceu em Dubrovnik em 1589 e ocupou vários cargos públicos importantes na cidade. Sua obra é representativa do período barroco e o relevo na parte inferior de sua estátua mostra uma nobre senhora sentada em seu trono (representando Dubrovnik e a liberdade) e duas feras, um dragão (representando a ameaça do império otomano) e um leão (a ameaça da cidade de Veneza). O trono de Ragusa não era o Trono de Ferro, mas a batalha por ele era ferrenha e real!

A praça também é chamada Herb Square e lá se realizam feiras livres onde se podem comprar deliciosas frutas frescas com cerejas e morangos. Uma tentação saudável para os turistas! Falamos sobre isso em nosso post sobre Comer em Dubrovnik.

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Igreja de Santo Inácio

Uma das laterais da Praça Gundulić leva a uma linda escadaria barroca, a escadaria dos jesuítas, que por sua vez leva à Poljana Ruđera Boškovića (poljana = praça) onde se encontram a Igreja de Santo Inácio e o Colégio Jesuíta, ambos também em estilo barroco. A construção começou em 1647 mas o grande terremoto de 1667 interrompeu o trabalho, que  só terminou em 1725. A igreja é dedicada a São Inácio de Loyola e é magnífica. Tem apenas uma nave e duas capelas laterais, mas os afrescos e a atmosfera são realmente de tirar o fôlego. Ela ainda abriga o sino mais antigo de Dubrovnik (de 1355) e um lindo órgão.

Escadaria dos Jesuítas

A escadaria, feita à semelhança da escadaria da Piazza di Spagna em Roma, foi cenário do episódio Walk of Shame, da 5ª temporada de Game of Thrones. De tirar o fôlego – literalmente!

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E assim terminou nossa aventura por King´s Landing!

(O Ede até sentou no Trono de Ferro! Tá certo que foi em uma Fan Shop na rua Boškovićeva, mas ele se “achou” mesmo assim!)

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Veja também:

Dubrovnik – Porto Real

As Muralhas de Dubrovnik

Stradun, o coração de Dubrovnik

Comer em Dubrovnik

O verdadeiro Porto Real

Stari Grad Dubrovnik

Dubrovnik vista do alto

Korčula – a ilha de Marco Polo

Ston – Cidade de Pedra

Potomje e Vinícola Matuško

Leste Europeu

Gornji Grad – A alta Zagreb

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Comer em Zagreb

Zagreb

Publicado por Adelijasluk

Adeli é formada em Letras e pós graduada em Recursos Humanos, fala quatro línguas e adora conhecer outras culturas. Curiosa e teimosa, nas horas vagas planeja itinerários próprios para as viagens anuais com o marido. Edevaldo é funcionário público e cursou geografia e informática. Paciente, nas horas vagas estuda maneiras sensatas de viabilizar os itinerários da esposa. Viajam por conta própria e juntos já conheceram 208 cidades em 33 países.

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