Em Cusco, tivemos a sorte e o privilégio de presenciar a Festa de Corpus Christi, a chamada Fiesta del Señor de Qoyllurit’i (el Señor de la Nieve Brillante ou Señor de la Estrella de Nieve), que é quando os povos andinos (várias nações diferentes) descem das montanhas em peregrinação até a Plaza de Armas, no centro da cidade. Pouco a pouco a praça vai ficando cada vez mais cheia e mais colorida. Na Matriz ocorre a missa e em seguida começam os desfiles. Cada nação tem seu grupo (peña), com seus trajes típicos, suas músicas e danças. Homens, mulheres, velhos, jovens e muitas crianças…
O Qollana é o chefe, o líder da nação e é essa figura que encabeça a procissão. Normalmente é o membro mais velho da tribo, pois os ancestrais tinham lugar de destaque na cultura Inca, não tanto pela força física como pela sabedoria. Eram os conselheiros do Inca (o rei). Nas festas, entretanto, os Qollanas são uma espécie de “puxadores”, como numa escola de samba. São eles que organizam o desfile e vão motivando a peña, cantando e soltando gritos animados.
Uma curiosidade é que os discursos pronunciados no início da festa são feitos pelos dignatários e representantes (espécie de vereadores) em quechua – isso mesmo – é tudo falado na língua indígena e depois a fala é traduzida para o espanhol. Após o “falatório” eles se juntam à sua nação e desfilam no meio do povo. Achamos isso incrível! Uma verdadeira demonstração de respeito e resgate cultural.
Ficamos tão impressionados com as danças, as músicas, os trajes e a língua quechua, que nem vimos o tempo passar. A festa durou horas e ficamos em meio ao povo assistindo a tudo com uma emoção, um respeito e um amor inexplicáveis.
Foi um contraponto muito interessante, pois sentimos a cultura peruana totalmente VIVA, enquanto que nas ruínas de Machu Picchu experimentamos o resgate de uma cultura sepultada há centenas de anos.
Saiba mais : La peregrinación al Santuario del Señor de Qoyllurit’i
E agora, rumo à Machu Picchu, confira!