Cusco, em idioma quechua significa “umbigo do mundo” e é um lugar realmente inusitado. De Lima para lá fomos de avião com a Avianca. O voo é de uma hora e quinze minutos apenas e vale muito a pena porque, além da rapidez, a descida no aeroporto de Cusco é um espetáculo – pois não é uma descida, é uma subida! Exatamente! O avião “dá a volta” nas cordilheiras e sobe, para depois pousar em Cusco, que fica a 3.400 metros do nível do mar. Portanto, diferentemente de Lima, faz frio e chove.
Hospedagem
A cidade colonial é realmente uma joia. Queríamos um hotel confortável e bem localizado e não erramos em aproveitar uma promoção e escolher o Novotel na Calle San Augustin, 239. Não é o mais barato, mas é no miolo (literalmente) da cidade. Um casarão do século XVI, decorado com pinturas originais diretamente em suas paredes, pátio interno em estilo espanhol e quartos grandes, o hotel é uma viagem no tempo.
O café da manhã é bem completo e o atendimento é muito bom. Logo na chegada já servem chá de coca e no hall há uma mesa posta com térmicas para os hóspedes servirem-se à vontade. Recomendamos tomá-lo e descansar no primeiro dia. Coma somente alguma coisa leve como uma sopa, pois o efeito da pressão causa cansaço e em alguns casos, dor de cabeça e enjoo – mas passa – no dia seguinte estará novo em folha. Por isso, a recomendação é só ir para Machu Picchu um dia depois. Se for hipertenso, como eu, leve seu remédio para a pressão e tome-o normalmente.
A Cidade Colonial
Cusco é uma cidade colonial (e aqui entenda-se que data da época da colonização pelos espanhóis – ou seja séc. XIV). Recomendamos pelo menos um dia completo de passeio só pela cidade para poder apreciar os séculos de arquitetura e história desta joia. Durante a noite ela é um pouco escura, mas é muito segura. Explore sem medo! Justamente por ser muito antiga a iluminação pública não é como nas demais cidades para não modificar a paisagem. Seria um pecado!
Na principal praça da cidade, a Plaza de Armas, em frente à Catedral acontecem as festas dos povos andinos. A Catedral em si merece uma visita guiada. É muito antiga e sua história se mistura com a da cidade. Fazendo o passeio entende-se muito sobre a colonização espanhola. Recomendamos também subir ao alto da torre para ter uma visão bacana de toda a praça.
Qorikancha
Você sabia que a palavra “cancha” tem origem inca? O Qorikancha (originalmente Inti kancha – o Templo do Sol), era um local sagrado onde ocorriam cerimônias, rituais e oferendas e também onde os altos sacerdotes realizavam estudos de astronomia. Esse templo tinha uma enorme importância na cultura Inca, pois nele morava o sumo sacerdote e só tinham autorização para entrar lá o Inca (imperador), os sacerdotes e as virgens do sol. Suas paredes eram cobertas de ouro puro, por isso também era conhecido como Templo Dourado. O ouro foi saqueado durante a colonização espanhola e o templo deu lugar ao Convento de Santo Domingo, construído em cima de seus fortes alicerces. Conhecer o local e sua história é um bom aperitivo para quem vai a Machu Picchu. O Qorikancha fica na Plaza de Santo Domingo, na Avenida El sol, número 8.
El Mesón de Don Tomás
Almoçamos no Mesón de Don Tomás (Calle Sta Catalina Angosta, 169) no dia da Fiesta del Señor de QoyllurRit’i e o escolhemos porque estávamos realmente com fome, já eram 14:00 e todos os restaurantes perto da Plaza de Armas estavam lotados. Havia uma única mesa vaga, fomos logo entrando – e nos demos bem! A comida era bem preparada e saborosa. O Ede comeu carne de alpaca e seus acompanhamentos e eu escolhi uma salada porque o dia estava bem quente. Aproveitamos para tomar uma chicha morada geladinha (suco de milho preto) e um pisco sour. E ainda fomos brindados com um grupo de música tradicional que fazia um pequeno show e vendia seus CDs (que, claro, levamos para casa como lembrança). Foi uma ótima refeição.
Santa Cata – Jantar e Show Folclórico
O restaurante Santa Cata pede reserva, mas o jantar é um buffet bastante simples. A comida não é excepcional, mas o show de música e dança tradicional é bacana, com duas duplas se revezando no palco e dançando vários ritmos. Se você já tiver visitado o La Dama Juana em Lima, ou outro show de folclore, não achará nada demais. Entretanto, se não o fez, será uma boa distração. O Santa Cata fica na Calle Santa Catalina Ancha, 360, próx. ao Hotel Marriott.
Nonna Trattoria
Procurávamos uma refeição leve e queríamos ir dormir cedo, para aguentar o passeio para Machu Picchu no dia seguinte, assim optamos pela pizza e ao passar pelo Nonna Trattoria, na Calle San Agustín, 298, resolvemos entrar. Ele é bem simples, mas a pizza é boa, com massa fininha e o melhor, barata.
Artesanato e Compras
Cusco tem muito artesanato local e além das famosas mantillas e ponchos de lã de alpaca (que são muito quentinhas e duram para sempre) você irá ver uma grande variedade de outras peças. O que mais nos chamou a atenção (e nos fez fazer lugar na mala para poder trazer um exemplar) foram as pequenas e coloridas capelinhas de madeira com representações em miniatura de festas pagãs tradicionais, como os Carnavalitos, misturadas com cenas bíblicas como a Anunciação, a Sagrada Família ou a Ascensão de Cristo. Esses pequenos retábulos retratam toda a cultura e a história de uma nação.
As pinturas sacras em estilo barroco também são muito lindas e não são caras! Cusco ficou muito famosa por sua pintura a partir do século XVI e a aclamada Escola Cusqueña expandiu-se tanto para o norte (até o Equador) como para o Sul (Bolívia).
Trouxemos este maravilhoso São Miguel Arcanjo (só a tela, sem a moldura) e nos arrependemos de não ter comprado outros. Não somos de trazer muita quinquilharia das viagens, mas nosso amor pela cultura quechua e pelo Peru agora faz parte da decoração da casa.
Conheça a maior festa de Cusco, a Fiesta del Señor de la Estrella de Nieve , em nosso próximo post!
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