Na mesa cubana você vai encontrar o feijão com arroz nosso de cada dia (chama-se arroz congrís que eles pronunciam: congri – sem o “s”), além de muitas frutas, verduras e legumes como goiaba, banana, tomate, cebola, pimentões, inhame (malanga) e mandioca (yuka). Portanto, a comida se parece muito com a brasileira e é muito saudável. Também tomam muito suco de frutas em vez de refrigerantes (embora a Tu Kola – a “coca-cola” deles – seja vendida em todo lugar).
Até algum tempo atrás as atividades comerciais privadas eram proibidas, de forma que os restaurantes existentes eram somente os administrados pelo governo cubano. Nos anos 90 começaram a surgir pequenos negócios, como as casas particulares de hospedagem (hostales) e os Paladares (restaurantes privados administrados pela família em sua própria casa). A partir de 2010 o governo também passou a permitir que as famílias contratassem alguns funcionários.
O nome “Paladar” foi adotado pelos cubanos por causa da novela brasileira “Vale Tudo”, veiculada pela Rede Globo entre 1988 e 1989 e transmitida pela TV cubana no começo dos anos 1990. Na trama, a personagem principal, interpretada por Regina Duarte, prosperou abrindo um pequeno restaurante chamado “Paladar”, que acabou se transformando em uma rede. A veiculação da novela coincidiu com o período em que o governo cubano concedeu as primeiras licenças para este tipo de negócio e atualmente há vários Paladares espalhados por todo o país. A comida é caseira, mas os preços nem tanto. Se for a um dos mais famosos em Havana, como o La Guarida (cenário de Fresa y Chocolate) ou o San Cristóbal (onde Barak Obama almoçou em sua visita no início de 2016), é necessário fazer reserva.
Navalha na Carne
A venda da produção de carne de gado em Cuba está reservada ao Estado e os produtores, além de não poder vender a carne a terceiros, são proibidos inclusive de abater as reses para consumo próprio, sob pena de ir parar na cadeia. Isso porque, sob o Regime, o estado compra toda a carne e a distribui prioritariamente para hospitais e escolas (o que faz sentido dada a baixa produção e as necessidade de oferecer proteínas aos cidadãos que mais precisam). Somente o excedente, se houver, é vendido para o comércio local.
Obviamente, hoje em dia, restaurantes e hotéis já conseguem obter o produto para oferecer aos clientes, entretanto, não espere um filet mignon. Portanto, o melhor é optar por carne de porco, frango e peixe ou frutos do mar, que são ótimos.
Cor Local e Boa Comida
Recomendamos o Siá Kará Café na Calle Indústria nº502, esquina com a Calle Barcelona, logo atrás do Capitólio, em Habana Vieja. Após o city tour à pé com o nosso guia, Orlandito, encontramos no Siá Kará um oásis. O local é arejado, a decoração descolada, o serviço amigável e os pratos saborosos. O único inconveniente é a má sinalização, pois, se não tivéssemos ido com o Orlando, teríamos passado em frente sem sequer notar que se tratava de um bom Paladar. Comemos pratos gostosos, bem temperados, como o frango com molho de pimentões e o peixe grelhado com tomate e cebola, acompanhado com purê de malanga (inhame).
Nos próximos posts falaremos um pouco mais sobre os Paladares bacanas que visitamos em Havana, Varadero e Santiago de Cuba.
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Hay que endurecer sin perder la aventura