A Gornji grad, a cidade alta, é a parte mais antiga de Zagreb e está muito bem preservada. Lá estão a rua Tkalcičeva com seus bares como o Pivnika Mali Medo e a estátua da escritora Zagorka, a rua Radičeva (a antiga “rua larga”) com a estátua de São Jorge, suas lojas e edifícios neoclássicos, a rua Ćirilometodska que leva à famosa Igreja de São Marcos, com seu telhado formando a bandeira da Croácia, e a Torre Lotrščak, de quase 800 anos.
Estão ainda em Gornji grad a Antiga Prefeitura, o Parlamento e o Museu Histórico da Croácia. Pode-se ir a pé, passando pela Kamenita Vrata, antiga porta de pedra, que é mencionada desde a Idade Média. Também se pode subir pelo funicular em menos de um minuto.
Torre Lotrščak
A Kula Lotrščak é uma torre que fazia parte da fortificação da cidade velha (fica na Strossmayerovo Setaliste, 9). Ela foi construída no século XIII e servia para proteger a entrada da cidade. No século XVII foi instalado um sino no alto da torre para avisar os moradores na hora em que os portões da cidade estivessem sendo fechados à noite. O nome deriva do latim campana latrunculorum, que significa “sino dos ladrões”. Quando subimos para Gornji Grad com o funicular já demos de cara com ela. É realmente incrível ver uma construção de quase 800 anos ainda em pé e tão bem preservada!
São Marcos (Crkva sv. Marka)
A Crkva sv. Marka é o principal cartão postal de Zagreb e um de seus monumentos arquitetônicos mais emblemáticos, tanto devido à idade (mencionada em documentos históricos desde 1334) quanto pela beleza única do telhado colorido que traz em seu mosaico os brasões da Croácia (à esquerda) e o de Zagreb (à direita).
Ao descer do funicular , após passar pela Kula Lotrščak, seguimos pela rua Ćirilometodska, que leva à praça Markov e demos de cara com a Igreja.
Sabor (Parlamento)
Na praça vimos também outros bonitos edifícios históricos como a Antiga Prefeitura (a Magistrat) e o Parlamento Croata (o Sabor). Nesse edifício ocorreu a primeira reunião do parlamento, em 1737. Ali foram tomadas várias decisões importantes para o país, como a separação do império austro-húngaro, em 1918, e a saída da Iugoslávia, em 1991. O prédio sofreu várias alterações e reformas, mas mantém o aspecto atual há várias décadas. É muito bonito e tivemos a sorte de pegar um dia iluminado!
Rua Tkalcičeva
A Rua Tkalcičeva é uma rua badalada e cheia de restaurantes e bares, onde se pode passear e almoçar, mas que fica muito mais animada à noite. Passeamos por ela durante o dia e pudemos tirar fotos junto à estátua de Zagorka, a primeira mulher croata a se tornar jornalista e escritora, e também junto ao antigo Relógio Solar. Também conferimos o artesanato na Galeria de Arte Naíve. Voltamos à rua Tkalcičeva para jantar na Pivonara (cervejaria ) Pivnica Mali Medo e curtir a noite. Uma excelente pedida. Atrativa de dia e de noite. Adoramos!
Madame Zagorka
Nascida no final do século XIX, Marija Juric Zagorka foi a primeira mulher jornalista e escritora da Croácia e ficou famosa por uma série de romances chamados Contos de Grîcka e também pelo livro O Martelo das Feiticeiras (homônimo do manual de caça às bruxas usado pela Inquisição) – ao todo escreveu 56 livros. A estátua na rua Tkalcičeva, em bronze, é um tributo a ela e está em um cantinho muito agradável, em frente ao antigo relógio solar.
Rua Radičeva
Antigamente conhecida como rua larga (Duga ulica) a Radičeva é uma rua inclinada que leva da praça principal (a Jelačić) até a cidade alta. As casas e edifícios neoclássicos do século XIX hoje são lojas, transformando a rua em um importante centro comercial. Nela está também uma bonita estátua equestre de São Jorge comemorando a vitória sobre o dragão. A rua abriga ainda a primeira agência bancária da Croácia, de 1880. Um excelente passeio!
Kamenita Vrata
Na rua Radičeva também fica uma das entradas da Kamenita Vrata. Antigamente, o único acesso para a cidade alta era esse Portal de Pedra, que é mencionado em registros desde a Idade Média. Ela foi reformada ao longo dos anos e conserva sua arquitetura atual desde o século XVIII. Conta-se que em 1731 houve um incêndio que destruiu todo o portal, mantendo intacta somente a imagem da Virgem Maria, que é considerada milagrosa. Por isso, na capela no interior pode-se observar várias placas de agradecimento dos fiéis pelos milagres recebidos. Santa Maria é também a protetora da cidade de Zagreb. É tanto um Portal Medieval como um local de peregrinação.
Museu de História & Guerra dos Balcãs
Ainda na Gornji Grad, vistamos o Museu ao passar por acaso na rua Matoseva nº8, e dar de cara com a placa que dizia Dubrovnik and the Homeland War Exihbition. Como a cidade era nosso próximo destino e já sabíamos um pouquinho sobre a guerra dos Balcãs, resolvemos entrar. O Museu é bem pequeno, mas a exposição sobre a guerra que durou de 1991 a 1995 e sobre a incrível resistência croata aos ataques sérvios valeu muito a pena. Apresentada de modo cronológico com painéis de fotos e fatos, ela foi dividida em quatro blocos: a preparação para a defesa de Dubrovnik, a ofensiva sérvio-montenegra de 1991, a vitória e a liberação do sul da Croácia em 1992 e o sofrimento da população. Tivemos ainda a sorte de encontrar um funcionário muitíssimo simpático (e que falava um inglês excelente) que nos explicou bastante e tirou dúvidas. Dias depois, já em Dubrovnik, ao passear pela cidade, lembramos da exposição muitas vezes.
A Guerra Civil Iugoslava foi bastante explorada pelo cinema, mas a grande maioria das produções focou na Bósnia, que foi, sem dúvida, o país mais atingido. Entretanto, um filme trata o tema de forma muito sutil e contundente.
A Vida Secreta das Palavras (2005) – A taciturna e reclusa imigrante croata Hanna (Sarah Polley) começa a trabalhar como enfermeira numa plataforma de petróleo inativa cuidando de Josef (Tim Robbins), vítima de queimaduras graves e temporariamente cego. Hanna, parcialmente surda, quase não fala, enquanto Josef tenta incansavelmente conversar com ela. Aos poucos eles criam laços e percebem que suas profundas dores e cicatrizes vão muito além das físicas e que ninguém será capaz de compreendê-los melhor do que um ao outro.
Stube Biskupa Duh & Parque Opatovina
A história de Zagreb é rica em lendas, passadas de geração em geração, e o nome das escadas que ligam a Rua Tkalčićeva e Opatovina é relacionada a uma delas. Segundo a lenda o primeiro bispo da cidade, o chamado Bispo do Espírito, era de origem tcheca e foi trazido pelo rei húngaro Ladislav à Zagreb. Acredita-se que o Bispo do Espírito tenha começado a construção da catedral em Zagreb e também lhe são creditados os livros mais antigos da igreja na Croácia. Ele é a primeira pessoa a ser mencionada em um documento oficial croata em 1134. Em 2006, um projeto da sociedade croata-tcheca estabeleceu que as escadarias tivessem o seu nome. A passagem é bem interessante e a descobrimos por acaso. Foi uma ótima surpresa, pois num dos muros que ladeiam o Parque Opatovina havia um grafite gigante e muito legal!
Catedral da Assunção da Virgem Maria
E pra terminar a Gornji Grad fomos conferir a Catedral da Assunção da Virgem Maria, a Zagrebačka katedrala. Ela fica na praça Kaptol, mas torres podem ser vistas de praticamente qualquer lugar. Reconstruída em estilo gótico, no interior ainda há resquícios da igreja medieval que ocupava o espaço desde o século XIII, até um forte terremoto destruir praticamente tudo em 1880. O pórtico de entrada é realmente muito bonito e à noite fica ainda mais belo!
Dica: Fizemos o passeio com o Sightseeing Bus em nosso primeiro dia na cidade (pegamos quase em frente à Catedral) e, embora ele nos tenha dado a oportunidade de nos localizar melhor entre a cidade alta e a cidade baixa, é um pouco caro (50 kunas por pessoa – paga-se ao motorista). Se você tiver tempo, pegue um bom mapa e faça tudo à pé – é cansativo porque a cidade não é assim tão pequena – mas vale a pena! Acabamos fazendo isso no dia seguinte.
E agora vamos em busca de Comida em Zagreb e depois direto para a Donji Grad – a cidade baixa – e suas atrações!
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