Muita gente vai até o Pražský hrad (o Castelo de Praga) a partir de Malá Strana e foi o que fizemos. Na primeira viagem ficamos com medo da subida e fomos de táxi, pois a estação de metrô mais perto dele não é assim tão perto. Já da segunda vez resolvemos enfrentar a subidona e os degraus até o Castelo à pé mesmo. Fomos devagar, apreciando o bairro e seguindo as placas que indicam o caminho até a entrada do complexo.
O Bairro do Castelo começa logo após atravessar-se Malá Strana, subindo-se em direção da Igreja de São Nicolau de Mira. Como o nome sugere, a principal atração do bairro é o Castelo, que na verdade não é UM castelo – e sim um complexo com Catedral, outras duas igrejas menores, edifícios dos apartamentos reais, salões, jardins, escadarias e até uma pequena rua medieval em seu interior, a Golden Lane. O complexo fica no topo do morro Hradčany e o bairro se desenvolveu aos seus pés a partir de 1320.

Há muitos edifícios bonitos, vários barrocos e neoclássicos, reconstruídos durante o reinado da Casa de Hamburgo e quase não se veem influências modernas – um prato cheio para os amantes de história! À noite o bairro tem uma ativa vida noturna underground. Os cellar pubs (bares que funcionam nos porões dos edifícios) são a grande atração, com boa cerveja, comida típica e música, como o medieval e famoso Stredoveka Krcma.
Pražský hrad (Castelo de Praga)
Uma história de mais de 1.100 anos fala por si só e a do Castelo de Praga mistura-se com da própria cidade e a do Cristianismo tcheco. Em 870 depois de Cristo, o Príncipe Borivoj, um dos primeiros regentes, ordenou a construção do Castelo, originalmente em madeira. O conjunto incluía um palácio, três igrejas e um monastério. Por isso ele é, até hoje, um complexo. A visita completa (todos os edifícios) custa 350 coroas por pessoa (cerca de 60 reais) – foi a que fizemos.
Dica: aqui não vale a pena ser mão de vaca! 60 reais é até barato para tudo o que se vê e aprende. Deixe para economizar nas lembrancinhas!
Os portões guardados por dois gigantes de pedra já chamam a atenção para o que se verá lá dentro. Mesmo tendo sofrido vários incêndios, invasões e guerras mundiais, ele sobreviveu ao longo do tempo, passou por várias reconstruções e tornou-se tanto um símbolo, como uma lenda viva de Praga. O estilo barroco que se vê atualmente deve-se à reconstrução do século XVIII, encomendada pela imperatriz austríaca Maria Teresa de Hamburgo, uma vez que a República Tcheca fazia parte do Império Austro-húngaro.
Durante a reconstrução de 1920 foi descoberto um enorme sítio arqueológico, provando que o tamanho original do Castelo é exatamente a área ocupada por ele hoje. Reserve uma manhã ou uma tarde inteiras para conhecê-lo (pelo menos 4 horas).A Catedral de São Vito é incrivelmente bem conservada, imponente e cheia de tesouros tanto por dentro como por fora. História pura. Há mais de 600 anos pode-se ver os telhados de Praga a partir de suas torres adornadas com gárgulas para espantar o demônio. Entre esses tesouros está a famosa “Rose Window”, inspirada na Catedral de Notre Dame, em Paris. Seu nome original é Catedral de São Vito, Venceslau e Adalberto e é a maior e mais importante igreja da Republica Tcheca. Na parte externa, na antiga entrada principal, está o Portal Dourado, um mosaico de 82 metros com cenas do Julgamento final com Jesus rodeado de anjos e os patronos da igreja tcheca.
A nave principal é ladeada por corredores estreitos com pequenas capelas, iluminadas pelas cores dos lindos vitrais. A mais importante é a Capela de São Venceslau, construída no século XIV pelo rei Carlos IV em homenagem ao santo padroeiro do país. Lá estão enterrados santos, imperadores reis e príncipes da Bohemia, Ferdinando I da Áustria, sua esposa Ana e o Imperador Romano Maximiliano II.
A exposição conta a história da parte principal do complexo do castelo e das pessoas associadas a ele – monarcas e nobres, além de presidentes, artistas famosos, arquitetos e artesãos. Testemunha de coroações e sepultamentos, lá estão preservadas as joias da coroa, e até mesmo de santos, o tesouro de São Vito. São cerca de 5.000 anos de história – desde a pré-história até o presente. A entrada só para a exposição custa 140 coroas checas e os horários variam conforme a época do ano – no verão fica aberta até mais tarde, mas no inverno fecha às 16:00. Vale muito a pena.

Zlatá ulička – A Rua Dourada
Dentro do complexo do Castelo ainda há uma ruazinha medieval com casinhas de um só cômodo que pertenciam às pessoas que serviam o rei e os nobres. A chamada Rua Dourada é uma das principais atrações de Praga (era uma honra viver ali – mesmo que para os padrões atuais as casas pareçam minúsculas).
Recuperadas, hoje, cada uma delas é um pequeno museu em si, sendo que algumas são também lojinhas. Há a casa do alquimista, a do ourives, a da costureira, a do fabricante de velas, além de uma pequena sala de cinema que preservou rolos de filmes escondidos lá durante a ocupação nazista de Praga, sendo que uma delas serviu também de esconderijo para Franz Kafka. Kafka nasceu em Praga em 1883. Judeu, sofreu muito o preconceito por sua origem e religião e isso influenciou suas obras. Suas três irmãs morreram na 2ª Guerra, uma delas em um campo de concentração. O escritor é muito celebrado na cidade e há vários monumentos em homenagem a ele e sua obra, como o Museu Kafka em Malá Strana e a estátua de bronze de Jaroslav Róna em Josefov.Descendo as escadarias do Castelo, na rua Thunovská, nº19, está o Staročeská kavárna- Antique Café. A localização é ótima pois, após passar horas perambulando, com a barriga já roncando, a gente não aguentaria dar mais nem um passo sem sentar para descansar e abastecer! Almoçamos lá duas vezes e recomendamos bastante. Não é caríssimo e a comida é boa. Num dia quente, uma cerveja geladinha, uma massa, um bom risoto de legumes e uma big taça de sorvete… para quê melhor?
Sabíamos que Praga tinha muitos cellar pubs – tabernas que ficam nos porões dos edifícios antigos – e queríamos conhecer uma delas. Em Hradčany há várias e a que escolhemos foi a Stredoveka Krcma, na rua Thunovská 15. É uma taberna medieval que dizem funcionar desde 1375. Hoje, toda escura, tem o teto todo decorado com crânios para criar um clima ainda mais gótico. A comida é gostosa e servida em estilo rústico (provamos a carne ensopada ao molho de cerveja preta, com batatas e o queijo assado). Logo que chegamos o garçom (vestindo roupa de época) veio nos atender em inglês (não tão ruim) e disse que se chamava Dominique e que para chamá-lo era preciso somente gritar seu nome. Achamos curioso mas logo ouvimos alguns dos clientes berrando “Dominiiiique” – ou seja, ele não estava brincando – tínhamos que berrar mesmo!
O ambiente é muito legal e o show divertidíssimo! Os artistas não falam inglês (exceto uma ou outra palavra) mas as historinhas montadas por eles acabam tornando o fato irrelevante. Tem engolidores de fogo, dançarinas do ventre, lutas com espadas e muito mais! Gostamos tanto que fomos à Stredoveka Krcma em nossa primeira viagem à Praga e voltamos na segunda!
E nos próximos posts atravessamos a Karlův Most e exploramos mais um bairro de Praga – não perca Staré Město!
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