Havana é uma cidade de dois milhões de habitantes e é dividida em praticamente três: Habana Vieja (a cidade antiga), Vedado e os novos distritos urbanos. Estivemos na cidade por seis dias e escolhemos o Hostal Casa Tarajano pela localização: Vedado, a duas quadras do Hotel Nacional e 5 minutos a pé do Malecón, o calçadão beira-mar da cidade.
O Vedado é o melhor bairro para se hospedar em Havana, pois fica próximo da Habana Vieja (cerca de 5 min de taxi) e é muito calmo, embora haja uma grande concentração de hotéis, pousadas e casas particulares (hostales). Ele tem este nome porque no século XVI era realmente vedado, ou seja, era proibido, abrir ruas em meio aos bosques que cobriam o local. Mais tarde tornou-se o bairro residencial da burguesia habanera, o que perdurou até a Revolução.
Nossa surpresa foi descobrir que a Elena, dona do apartamento (que fica no terceiro andar de um edifício de quatro andares) além de simpática, era também realmente muito acolhedora. Ficar lá foi como passar uns dias em casa de uma tia. O hostal possui apenas dois quartos para alugar, mas é um apartamento grande e os hóspedes podem usar a sala e também a agradável varanda. Nossa anfitriã nos recebeu com um cuba-libre de boas vindas e nos deu todas as dicas do que fazer e como fazer. Outro morador era o pequinês Dudu, um bebê canino de pouco mais de um ano, uma fofura!
O valor da diária do quarto para casal é em torno de 30 CUC por noite e o café da manhã sai por 5 CUC por pessoa. Ela utiliza o Pay Pal e cobra uma diária adiantada para garantir a reserva.
O pão nosso de cada dia
Dona Elena tem uma ajudante muito prestativa, a Maria, que nos fazia o café da manhã todos os dias (pão, ovos, café, leite, frutas, suco, geleia de goiaba e ainda um salgado). O pão é um capítulo à parte em Cuba. Por conta de não produzir trigo o suficiente e do embargo econômico imposto pelos EUA, a venda do pão é limitada a uma unidade diária por habitante. As casas particulares (hostales) tem permissão para comprar mais para atender seus hóspedes, entretanto não há fartura. Por isso, são oferecidas frutas e outros acompanhamentos. Ou seja, você será forçado a fazer um café da manhã mais saudável!
Passeios guiados
Elena ainda nos ajudou a contratar passeios, um a pé por Habana Vieja, com o Guia Orlando (orlandogomezlarroque@gmail.com), que é professor de história e arte cubana, e outro de carro, para conhecer os locais mais distantes. O passeio a pé com o Orlando dura 3 horas (cerca de 8 km) e sai por 40 CUC. Vale muito a pena porque ele mostra e explica a cidade Velha toda. Prepare-se para caminhar!
Havana ainda não é muito preparada para o turismo, então as coisas não são muito sinalizadas. Comprar um mapa da cidade em uma banca de revistas também não é tarefa fácil. Sem um guia no primeiro dia, você pode estar em frente a um dos edifícios mais importantes da cidade sem saber. Nos demos tão bem com o Orlandito que até marcamos um jantar de despedida em nossa última noite na cidade.
Segurança, o Regime e os Jineteros
Já havíamos notado a tranquilidade das ruas, mas o que nos chamou a atenção foi a igualdade de gêneros. Não ouvimos ou vimos cantadas ou assédio dos homens para com as mulheres cubanas. O máximo é um olhar mais prolongado, pois elas são lindas mesmo. Se existe uma coisa que a Revolução de 59 trouxe, e que o Regime parece ter consolidado, é a igualdade dos gêneros, o que, sem dúvida, diminui a violência contra a mulher. No Regime todos os cidadãos são iguais e a discriminação contra a mulher é impensável. É muito provável que tenha havido forte repressão aos homens que demonstrassem comportamentos não condizentes com o de um “companheiro”, o que, no fim das contas, acabou se transformando em algo positivo.
Isso não quer dizer que turistas não sejam alvo de eventuais “piropos” e de golpes. Portanto, se estiver viajando sozinho(a), os cuidados de sempre se aplicam. Os jineteros (nome que dá aos locais que vivem de assediar turistas) também são bastante insistentes e tem boa lábia, oferecendo todo tipo de serviços (guias, indicações de restaurantes, charutos, caricaturas…), então dispense logo. Mulheres viajando sozinhas devem procurar sair à noite em companhia de um guia recomendado pelo hotel ou hostal.
Indo e vindo
Do Vedado para a Habana Vieja (Centro Histórico) pode-se pegar um táxi coletivo por 1 CUC, ou ainda um Côco Taxi por 5 ou 6 CUC (não pague mais que isso). Os táxis coletivos são carros particulares de todos os tipos e tamanhos, que circulam pela cidade e vão apanhando passageiros ao longo do trajeto (enquanto houver lugar no carro).
Já os passeios nos carros antigos custam 50-60 CUC por uma hora. Os preços variam conforme o modelo e o ano do automóvel. Não deixe de fazê-lo, pelo menos uma vez, afinal, onde mais você vai poder rodar pela cidade em reluzentes modelos dos anos 50?
Nos próximos post falaremos sobre as atrações turísticas da cidade.
Veja também:
Callejando por la Habana Vieja I